Dentre os muitos cuidados que nós preparadores físicos devemos te com relação aos trabalhos programados e aplicados aos atletas, um deve estar no topo, principalmente porque o período de preparação inicial é diminuto e também durante o período competitivo, os espaços para avaliações são sufocados pela carga abusiva de jogos.
A avaliação isocinética é de fundamental importância, pois a Força impera na maioria das ações em campo e para que venha à ser muitíssimo bem aplicada nos treinamentos, é essencial sabermos como a razão entre extensores/ flexores do joelho está.
Uma simples divisão entre o valor do agonista e do antagonista, seja relacionado ao pico de torque ou a força máxima, expresso em percentagem pode nos fornecer o grau de equilíbrio do atleta.
Nós possuímos os extensores do joelho, mais fortes em relação aos flexores, mas isso deve estar dentro de uma relação de forças, pois caso contrário, as lesões poderão ocorrer até freqüentemente, causadas por um desequilíbrio muscular, ou seja, neste caso em particular, por um fortalecimento exagerado do extensor em relação ao flexor ou vice-versa.
Por exemplo: No joelho a relação entre o pico de torque dos flexores/extensores está por volta de 60%, sendo portanto a diferença entre extensores ( mais fortes) e os flexores ( mais fracos) de 40%.
O equilíbrio é um conceito relacionado ao estado de um sistema ( conjunto de elementos interconectados harmonicamente, de modo a formar um todo organizado) ou mais sistemas no qual não ocorrem mudanças no total que possam ser observados claramente, ou seja, no qual cada alteração está compensada por outra complementar.
O conceito de equilíbrio funcional da estrutura musculotendínea reflete um parâmetro importante na adequada realização da prática dos desportos.
Por causa de prevenção de lesão, toma-se o cuidado em controlar a razão da força muscular em articulações, como o joelho.
Esta se caracteriza como a articulação que mais sofre lesão no futebol, pois o joelho é uma estrutura altamente solicitada e exposta a traumas, sendo a ruptura do ligamento cruzado anterior uma das lesões mais comuns.
A evolução natural das lesões ligamentares pode afetar a prática do esporte competitivo e o correto diagnóstico e tratamento destas lesões podem proporcionar um retorno do atleta ao seu nível prévio de atividade.
O atleta de futebol, pelas próprias características de sua modalidade, necessita ter elevada potência nos membros inferiores, a fim de proporcionar uma grande capacidade de força explosiva e aceleração.
Além disso, ter que executar com propriedades diversas habilidades motoras como, saltar, chutar, passar, driblar, etc, há a necessidade portanto de se obter um atleta com o quadríceps potente para superar as demandas físicas da profissão.
Este é um ponto crucial, que inúmeras vezes leva muitos preparadores físicos, à execução exagerada de uma carga elevada com suas respectivas repetições, quando dos trabalhos em sala de musculação, sobre o músculo extensor do joelho, esquecendo do seu antagonista, os Isquiotibiais, criando assim um desequilíbrio entre a força produzida para estender e flexionar o joelho.
No entanto tem-se a necessidade de isquiotibiais fortes o suficiente para suportar uma grande força excêntrica causada pelo seu antagonista no momento da extensão do joelho, como em movimentos de chute, arrancadas, velocidades etc.
Por isso a obrigação de uma musculatura de isquiotibiais bem desenvolvida, a fim de se prevenir lesões musculares ( distensões, rupturas ligamentares etc).
Portanto, deve-se sempre respeitar os períodos destinados para as avaliações e a aplicabilidade prática dos resultados nelas coletados, para que possamos sempre escolher os exercícios e os aparelhos de musculação corretos, para proporcionar um treinamento ideal e seguro.
Ao determinar exercícios de cadeia cinética aberta, precisamos ter o cuidado em escolher aparelhos que proporcionem torques de resistência, de certa forma, específicos com relação as exigências musculares que a partida de futebol determina, e com isso os exercícios na sala de musculação produzirão o mesmo torque, ou seja, o torque máximo ocorrerá no mesmo comprimento muscular que os movimentos do desporto estabelecem.
A característica da roldana a ser utilizada, principalmente para as articulações do joelho e do quadril, deve representar a mesma exigência com relação ao comprimento muscular que o futebol determina, e deste modo, fornecendo o mesmo torque de resistência que o movimento do futebol oferece, evitando o desequilíbrio muscular.
Roldanas que produzem, por exemplo, torques de resistência crescente não são recomendadas para o aparelho de flexão do joelho, pois os isquiotibiais necessitam ser expostos a maiores cargas no seu maior comprimento muscular, ou seja, no início do movimento e/ou no final da extensão do joelho, a fim de se prevenir o seu encurtamento, distensões e a excessiva translação anterior do fêmur (ruptura do LCA ).
Por outro lado, roldanas que produzem torque de resistência decrescente, não são indicadas para o aparelho de extensão do joelho, visto que o comprimento muscular mais exigido no quadríceps é no final da extensão, para os movimentos como chutar, saltar e arrancar, além de ocorrer uma maior estabilização da patela nos últimos 30º de extensão, por causa de um fortalecimento maior dos vastos ( mediais e laterais) a partir dessa angulação.
O equilíbrio entre quadríceps/ isquiotibiais torna-se um dos principais cuidados, junto com o tipo de roldana, que se deve ter na utilização dos aparelhos de musculação no futebol.
A razão entre esses dois grupos musculares se torna um indicador de futuras lesões nos mesmos, tanto para distensões como para ruptura de ligamentos, lesão essa constantemente presente no futebol.
Nesse desporto, observa-se a ruptura do ligamento cruzado anterior, quando o quadríceps é fortemente contraído ( após um salto, um chute no vazio...).
A sua ruptura pode, igualmente ocorrer nos entorses de joelho por exemplo, quando ocorre a rotação do joelho com o pé fixo no solo.
Por isso, a necessidade de se buscar e controlar o equilíbrio dos músculos flexores e extensores do joelho.
DIFERENÇAS ENTRE EXERCÍCIOS DE CADEIA CINÉTICA ABERTA E FECHADA
ABERTA: - O segmento distal está livre
- Aumento do cisalhamento articular
- Diminui compressão articular
- Apenas um plano de movimento
- Apenas um músculo ( o agonista) é mais envolvido
exemplo: Rosca direta
Cadeira extensora ( qualquer elevação)
FECHADA: - O segmento distal é fixo
- Diminui cisalhamento articular
- Aumenta compressão articular
- Movimento de múltiplos ângulos
- Músculos antagonistas e agonistas bem envolvidos
exemplo: Flexão de braço muito usada em exercícios do exército.
O equipamento para avaliação isocinética da BIODEX, é a versão SYSTEM 4 , a mais moderna existente, tendo este aparelho como função principal, medir a força isocinética do atleta, coletando todos os níveis de força dos membros inferiores, superiores e de quadril em diversos ângulos diferentes, e com isso pode-se individualizar o treinamento e corrigir possíveis disfunções apresentadas.
Pode-se com este equipamento, usá-lo para aplicação clínica de modo passivo na forma isométrica, modo isotônico e também reativo excêntrico.
Na forma isométrica mede-se a força muscular do atleta sem movimento, que é importante para auxiliar a fisioterapia de um atleta lesionado que não pode fazer movimentos dinâmicos.
O modo passivo normalmente é utilizado em casos pós- operatórios, com movimentos em ângulos pequenos de forma crescente, acompanhando a recuperação.
No modo isotônico é usado para um sistema de treinamentos que aperfeiçoa o nível de força máxima do atleta e o modo reativo excêntrico, é para melhorar a força útil do atleta, que é a força Especial que o atleta utiliza durante a partida.
No futebol, a velocidade e os deslocamentos rápidos devem ser aprimorados cada vez mais, para um melhor rendimento dos atletas, já que os quase 1200 movimentos realizados por todos durante uma partida, grande parte envolvem trabalhos de força.
Na metodologia do treinamento de força, alguns cuidados devem ser tomados.
O volume de treinamento, a intensidade e o controle da prescrição são exemplos disso, e com o Biodex 4 é possível identificar a evolução dos níveis de força dos atletas, bem como individualizar o sistema de treinamento, para o auxilio do processo de desempenho evolutivo em campo.
Alguns grandes clubes Brasileiros possuem este equipamento em suas dependências, e isso facilita em muito, pois o seu uso é muito freqüente não apenas para a execução das correções quando dos desequilíbrios musculares detectados em avaliações, mas também para o trabalho de ganho de força propriamente dito, realizado aqui com uma segurança total.
Tenho trabalhado nos últimos clubes, com os melhores profissionais no que se diz respeito ao controle e manuseio deste magnífico equipamento (a análise e interpretação dos resultados desse equipamento isocinético, são vitais e poucos profissionais estão aptos para de forma bem precisa, apontar e discutir tais resultados, para que possam ser utilizados na essência de sua necessidade na prática) sendo que todos os resultados provenientes de avaliações, correções e treinamento propriamente dito, são imediatamente utilizados por mim, e isso tem feito uma grande diferença quanto à segurança e aproveitamento de todos atletas em cada sessão de treino.
Posso citar o PROF. DR. OSCAR AMAURI ERICHSEN (foto acima), um Biomecânico fantástico, com o qual trabalhei no Clube Atlético Paranaense nos anos de 2006/07 /08, que possui um grande e competente auxiliar, o dinâmico NETO, no comando das avaliações isocinéticas e demais atividades que envolvam testes de campo e do laboratório fisiológico, o Fisioterapeuta SASSAKI, do São Paulo F.C., clube onde trabalhei no ano de 2001, PROF. DR. ROGÉRIO NEVES, Fisiologista da Portuguesa de Desportos, clube onde trabalhei no ano passado (2010), os fisioterapeutas Eduardo e PAULÃO, além do PROF. DR. MIGUEL DE ARRUDA, FISIOLOGISTA, TODOS do Guarani de Campinas, clube onde trabalhei com os mesmos nos anos de 2009/2010.
Usar tal tecnologia atualmente é fundamental, pois os riscos para formatarmos trabalhos físicos, sem esses dados passaram à ser um grande risco para todos.
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